![]() |
| Na inauguração do novo Cine Teatro Liz Bastos (foto de Wagner Cosse) |
O antigo Cine
Pax foi reinaugurado em dezembro de 2024, após uma minuciosa reforma, e com o
nome alterado para Cine Teatro Liz Bastos. Há 30 anos que ele não existia mais
como cinema. A prefeitura havia comprado o espaço e, esporadicamente, ele era
utilizado para reuniões, palestras e formaturas.
Na noite da
estreia, adentrando o espaço, vieram-me à tona muitos sentimentos e lembranças.
Como, acredito, em várias pessoas que por ali passaram nos dias que se
seguiram. Afinal, o cine foi inaugurado em 1959 e, deste então, vem provocando
impacto em várias gerações com suas atrações tanto cinematográficas quanto
artísticas. Muitos talentos passaram por ali. Dentre tantos, destaco a atriz
Maria Fernanda que nos anos 1970 fez a leitura dramática do “Romanceiro da
Inconfidência”, obra-prima de sua mãe, a poeta Cecília Meireles.
Abordo aqui
alguns fatos que me marcaram naquele local. Primeiramente, os festivais da
canção realizados anualmente com acirrada competição. Eu mesmo já participei de
dois deles: um como cantor, defendendo uma música de minha autoria; e outro
como jurado, sujeito a todos os aviõezinhos de papel jogados pela plateia ora
brincalhona, ora enfurecida.
Foi no Cine
Pax que eu conheci os filmes de Mazzaropi, Tarzan e d’Os Trapalhões. Menciono
estes, pois eram os sucessos de bilheteria. Mas até mesmo o clássico “Sonata de
Outono”, uma das melhores obras de Ingmar Bergman foi exibido lá. Com muita
fila, diga-se de passagem, apesar de boa parte da plateia não fazer ideia da
profunda dramaticidade desta película.
No cinema
também vi várias pornochanchadas e filmes pornôs, bem característicos daqueles
anos 1980. Íamos em turma e o resultado era uma sequência de risadas (por
incrível que pareça!). Anos mais tarde, na companhia de Gilvan Silva, descobri
nos escombros do prédio uma lata e, nela, vários pedaços cortados desses mesmos
filmes, contendo as cenas mais picantes, tal e qual o filme “Cinema Paradiso”.
Foi no Cine
Pax já bem debilitado que eu produzi uma apresentação da escritora Adélia Prado
a Itabirito, em 2005, quando atuava como gestor cultural na Prefeitura
Municipal. Adélia ficou impressionada com a quantidade de pessoas que foram lá
para vê-la: todas as 700 poltronas estavam ocupadas e havia gente em pé! Tive a
oportunidade de levar os compositores Fernando Brant e Tavinho Moura, em outra
noite memorável. Ambas apresentações geraram programas especiais de televisão
que, posteriormente, foram exibidos pela Rede Minas.
Tempo e
memória! Recordações! Lembranças tão amorosas de um tempo bom que renasce nas
cinzas, graças a um trabalho primoroso dos novos gestores culturais da cidade.
E que abre espaço mais novos sonhos, novas histórias e novos sentimentos.
%2009.13.11_2f0735c4.jpg)