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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Revivendo o antigo Cine Pax

 

Na inauguração do novo Cine Teatro Liz Bastos
(foto de Wagner Cosse)


            O antigo Cine Pax foi reinaugurado em dezembro de 2024, após uma minuciosa reforma, e com o nome alterado para Cine Teatro Liz Bastos. Há 30 anos que ele não existia mais como cinema. A prefeitura havia comprado o espaço e, esporadicamente, ele era utilizado para reuniões, palestras e formaturas.

            Na noite da estreia, adentrando o espaço, vieram-me à tona muitos sentimentos e lembranças. Como, acredito, em várias pessoas que por ali passaram nos dias que se seguiram. Afinal, o cine foi inaugurado em 1959 e, deste então, vem provocando impacto em várias gerações com suas atrações tanto cinematográficas quanto artísticas. Muitos talentos passaram por ali. Dentre tantos, destaco a atriz Maria Fernanda que nos anos 1970 fez a leitura dramática do “Romanceiro da Inconfidência”, obra-prima de sua mãe, a poeta Cecília Meireles.

            Abordo aqui alguns fatos que me marcaram naquele local. Primeiramente, os festivais da canção realizados anualmente com acirrada competição. Eu mesmo já participei de dois deles: um como cantor, defendendo uma música de minha autoria; e outro como jurado, sujeito a todos os aviõezinhos de papel jogados pela plateia ora brincalhona, ora enfurecida.

            Foi no Cine Pax que eu conheci os filmes de Mazzaropi, Tarzan e d’Os Trapalhões. Menciono estes, pois eram os sucessos de bilheteria. Mas até mesmo o clássico “Sonata de Outono”, uma das melhores obras de Ingmar Bergman foi exibido lá. Com muita fila, diga-se de passagem, apesar de boa parte da plateia não fazer ideia da profunda dramaticidade desta película.

            No cinema também vi várias pornochanchadas e filmes pornôs, bem característicos daqueles anos 1980. Íamos em turma e o resultado era uma sequência de risadas (por incrível que pareça!). Anos mais tarde, na companhia de Gilvan Silva, descobri nos escombros do prédio uma lata e, nela, vários pedaços cortados desses mesmos filmes, contendo as cenas mais picantes, tal e qual o filme “Cinema Paradiso”.

            Foi no Cine Pax já bem debilitado que eu produzi uma apresentação da escritora Adélia Prado a Itabirito, em 2005, quando atuava como gestor cultural na Prefeitura Municipal. Adélia ficou impressionada com a quantidade de pessoas que foram lá para vê-la: todas as 700 poltronas estavam ocupadas e havia gente em pé! Tive a oportunidade de levar os compositores Fernando Brant e Tavinho Moura, em outra noite memorável. Ambas apresentações geraram programas especiais de televisão que, posteriormente, foram exibidos pela Rede Minas.

            Tempo e memória! Recordações! Lembranças tão amorosas de um tempo bom que renasce nas cinzas, graças a um trabalho primoroso dos novos gestores culturais da cidade. E que abre espaço mais novos sonhos, novas histórias e novos sentimentos.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

O dia em que Elis morreu

Aos 18 anos, eu estava em Paraty quando Elis Regina morreu.
Arte @thelmolins

    No dia 19 de janeiro de 1982, a cantora Elis Regina morreu. Portanto, há 40 anos! Viajei no passado e me lembrei de fatos que aconteceram na época. A notícia deixou todo o país estupefato, considerando que ela era, naquela época, uma das cantoras de maior visibilidade na mídia nacional e internacional.
    
    Eu estava em Paraty, cidade histórica do litoral fluminense, quando soube do acontecimento. Era a primeira vez que eu visitava o local, ao lado de várias queridas amigas*. Estávamos acampados em um terreno na área central do município. Eu tinha apenas 18 anos. Passamos o dia inteiro passeando pelas praias da região. Ao chegarmos no local do acampamento, foi que soubemos do acontecimento.

    Ficamos sem chão. Para homenageá-la, entoei, enquanto me banhava, alguns de seus sucessos, a todos pulmões. Não economizei na cantoria. Dá-lhe “O Bêbado e a Equilibrista”, “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, “Casa de Campo”, dentre outros. “Caiiiiiia a tarde feito um viaduuuuuto...!!!” Para piorar, a água do chuveiro ela gelada, o que sempre provocava em todos nós um choque inicial, que vinha acompanhado por um berro. 

    À noite, ousei pedir aos donos da casa para assistir ao Jornal Nacional, porque queríamos saber das notícias. Na barraca, com certeza, não tinha nem rádio nem TV. Os proprietários concordaram. Estávamos tão chocados que nem notamos que estávamos ocupando todos os sofás na sala de estar, deixando os familiares de pé e sem saber o que fazer. “Que povo inconveniente”, devem ter pensado.

    Alheios a este sentimento, acompanhamos todo o noticiário. A primeira reportagem era sobre o desabamento de uma passarela em Foz do Iguaçu, que havia feito várias vítimas. O teor da enxurrada e da tempestade se confundia com as súplicas dos visitantes. O último assunto foi o falecimento da grande cantora. À medida que a reportagem avançava, ficávamos mais à vontade ainda e deixamos desabar o nosso pranto, cada vez mais contundente, como se fosse um parente que estivesse passando por aquela situação. As lágrimas rolavam aos borbotões. Somente quando o jornal finalizou é que percebemos, ao olhar para trás, que o pessoal da casa nos olhava de cara fechada. 

    Inconvenientes ou não, estávamos diante de uma morte trágica. Elis tinha apenas 35 anos! Como amantes da música brasileira, aquele dia se tornou para sempre inesquecível. Era impossível não nos emocionarmos. Anos mais tarde, também em Paraty, vivenciei a queda das Torres Gêmeas, mas isso é assunto para outra postagem. 

 * Minhas companheiras de viagem foram: Tuta, Beth, Mariângela, Valéria e Claudia.

Tentando alcançar os astros ou meu encontro com Maria Bethânia

  No dia 13 de fevereiro de 2025, Maria Bethânia completa 60 anos de carreira. Carreira esta iniciada em 1965, quando, aos 18 anos, ela subi...