terça-feira, 18 de janeiro de 2022

O dia em que Elis morreu

Aos 18 anos, eu estava em Paraty quando Elis Regina morreu.
Arte @thelmolins

    No dia 19 de janeiro de 1982, a cantora Elis Regina morreu. Portanto, há 40 anos! Viajei no passado e me lembrei de fatos que aconteceram na época. A notícia deixou todo o país estupefato, considerando que ela era, naquela época, uma das cantoras de maior visibilidade na mídia nacional e internacional.
    
    Eu estava em Paraty, cidade histórica do litoral fluminense, quando soube do acontecimento. Era a primeira vez que eu visitava o local, ao lado de várias queridas amigas*. Estávamos acampados em um terreno na área central do município. Eu tinha apenas 18 anos. Passamos o dia inteiro passeando pelas praias da região. Ao chegarmos no local do acampamento, foi que soubemos do acontecimento.

    Ficamos sem chão. Para homenageá-la, entoei, enquanto me banhava, alguns de seus sucessos, a todos pulmões. Não economizei na cantoria. Dá-lhe “O Bêbado e a Equilibrista”, “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, “Casa de Campo”, dentre outros. “Caiiiiiia a tarde feito um viaduuuuuto...!!!” Para piorar, a água do chuveiro ela gelada, o que sempre provocava em todos nós um choque inicial, que vinha acompanhado por um berro. 

    À noite, ousei pedir aos donos da casa para assistir ao Jornal Nacional, porque queríamos saber das notícias. Na barraca, com certeza, não tinha nem rádio nem TV. Os proprietários concordaram. Estávamos tão chocados que nem notamos que estávamos ocupando todos os sofás na sala de estar, deixando os familiares de pé e sem saber o que fazer. “Que povo inconveniente”, devem ter pensado.

    Alheios a este sentimento, acompanhamos todo o noticiário. A primeira reportagem era sobre o desabamento de uma passarela em Foz do Iguaçu, que havia feito várias vítimas. O teor da enxurrada e da tempestade se confundia com as súplicas dos visitantes. O último assunto foi o falecimento da grande cantora. À medida que a reportagem avançava, ficávamos mais à vontade ainda e deixamos desabar o nosso pranto, cada vez mais contundente, como se fosse um parente que estivesse passando por aquela situação. As lágrimas rolavam aos borbotões. Somente quando o jornal finalizou é que percebemos, ao olhar para trás, que o pessoal da casa nos olhava de cara fechada. 

    Inconvenientes ou não, estávamos diante de uma morte trágica. Elis tinha apenas 35 anos! Como amantes da música brasileira, aquele dia se tornou para sempre inesquecível. Era impossível não nos emocionarmos. Anos mais tarde, também em Paraty, vivenciei a queda das Torres Gêmeas, mas isso é assunto para outra postagem. 

 * Minhas companheiras de viagem foram: Tuta, Beth, Mariângela, Valéria e Claudia.

6 comentários:

  1. Foi e é muito triste ter perdido Elis. Foi uma das vozes de minha juventude. Me remete a lembranças da alma e do coração.

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  2. Perda irrecuperável,assisti ao último show dela aqui no palácio e ela terminava chorando ...Chorei também.Pouco tempo depois,ela se foi ....

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Eu era e sou fã de Elis Regina.
    Uma grande luz no cenário musical.
    Eternamente Elis❣️

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  5. Parabéns Thelmo por mais essa bonita iniciativa. Que você continue divulgando e enaltecendo a arte e a cultura de Minas e do Brasil. Vida longa!

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